Aspirante



– Quero que me escreva uma carta! –
– Como disse? –
Observe-a incrédula.
– Por favor, quero que escreva uma carta! –
– Não sou escritora – 
 Afirmei.
– Mas é aspirante. Já ouvi boatos ao seu respeito. Tu escreves. E necessito que me ajude através de uma carta. Amanhã é aniversário da minha filha, e queria pressentia-lhe com belas palavras, pois a menina está muito triste, e sei que isso faria com que ela se sentisse melhor. –
– Desculpe-me senhora, mas não possuo as palavras que buscas para sua filha. Ao contrário, sou melancólica demais na minha escrita –
– Mas creio que sua melancólica se deva aos diversos e até então incompreendidos sentimentos que tu carregas dentro do peito. Serão eles a fonte das doces e belas palavras que tu escreveras para a minha triste filha. –
Entreolhamos-nos por alguns instantes sucumbidos pelo silêncio da aceitação. E tempos depois eu iniciara a carta com letras tremulas e incertas rompendo com rapidez a brancura do papel. Pensando até onde iria à capacidade de uma mera aspirante.

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