Abstrato.
Percebi, quase de imediato que as
palavras possuem um enorme poder sobre mim, desde que me refugiei nas
entrelinhas dos meus desabafos. Sendo assim, pergunto-me por que motivo estou
irremediavelmente abandonada em um poço, cuja fundura me leva a crer que jamais
conseguirei alcançar a minha liberdade. Poço esse que vem diariamente devorando
todas as breves expectativas que, vez ou outra insistem em renascer dentro de
mim.
Tento compreender o motivo que me
faz crer, que eu – ser de sublime mistério – sou ao mesmo tempo fértil e oca, e
por que as palavras – cujo poder me salva – resolveram abandonar-me na
escuridão dos meus próprios lamentos. Sei que me entender e, sobretudo decifrar
o que não digo em palavras é algo quase tão difícil quanto às impossibilidades
humanas. Sou complexa quando mergulho no mistério de ser, e talvez seja essa
complexidade abstrata que me impeça de alcançar o clímax dos meus escritos tão
chulos.
Relembro, de uma forma vaga,
porém precisa de um breve dialogo cujo tema referia-se a minha visível incapacidade
de contentamento comigo mesma. Perguntaram-me sobre as coisas que aconteceram
na minha vida durante as ultimas semanas. Permaneci em silêncio durante um
breve instante, e conclui que, muitas coisas aconteceram, porém, foram – e anda
estão sendo – tão intensas que ao tentar escrevê-las nenhuma palavra conseguiu
ser capaz de rotular meus intensos e até então não entendidos sentimentos.
Talvez, seja essa mistura de
intensidade e cobrança que tenha me levado ao lugar onde hoje me encontro. Vivendo
um paradigma composto de oco e fertilidade. Existindo
sem saber ao certo o porquê, ou quem sou nesse universo tão propicio a ocorrer
mudanças. Sinto apenas que faço parte de um mistério de ser o que ainda não foi
nomeado. Como se, ao andar por vielas espreitando a escuridão eu pudesse me
encontrar dentro de mim.
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