As três irmãs.


Eram três senhoras. Irmãs. Cúmplices, talvez.
Três parecidas senhoras, vestidas com roupas de algodão, exalando aroma de alfazema. Eram três risos quase idênticos, todos de uma idade aproximada uma da outra. Senhoras que contemplavam o mistério de serem vultos distintos além do escuro da madrugada.
E eu, pobre ser desperto, observo com deslumbre as três que conversam coisas que provavelmente me encantaria em descobrir. O que eram aquelas senhoras se não parte do meu resguardado fascínio? Eram três. Cabelos esbranquiçados, vozes penetrantes, cheiro de alfazema e café. Senhoras, irmãs e cúmplices de um mistério que eu ansiava por fazer parte.
Alguns diziam que aquelas mulheres jaziam no ápice de suas demências, outros, porém, afirmavam que suas almas eram como portais para espíritos esquecidos ultrapassar as barreiras noturnas. Os céticos não acreditavam no que ouviam sobre as três senhoras, porém, era-se possível ver através dos seus olhos o medo de mergulhar no mistério que as envolviam.
Entretanto, o que diziam a respeito das três quase não me afetava, pois o pouco que me afetava vinha em forma de encantamento. As três senhoras eram para mim como parte fundamental das fantasias alimentadas no meu inconsciente. Através delas eu poderia ir mais fundo naquilo que os outros tanto temiam, mas que me fazia sentir parte de um mistério escrito por três irmãs cúmplices do mesmo silêncio. Do mesmo mistério.

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