Há quem o teu silêncio grita?
Eu sou a espera da porta que não abrirá.
Sou a exaustão de uma discussão inexistente. O pensamento que virou silêncio.
Eu sou as palavras postas entre lábios e levadas goela adentro pelas taças de
vinho.
O maior dos devaneios, eu sou a carta
esquecida por um carteiro desapaixonado. Sou um poema de amor em que um poeta
dolorosamente apaixonado, esqueceu em um bar qualquer. Eu sou a madrugada de um
homem insone, cuja maior vontade é adormecer em sonhos profundos, sem sonhos.
A velhice de uma mulher sozinha, eu sou
as lembranças divididas entre o vazio de uma casa autrora preenchida. Eu sou a
porta que não abrirá. Sou a música de amor que os homens, por egoísmo ou mero
realismo, preferem ignorar. Eu sou a voz gravada em uma fita que ninguém mais
ouve.
A porta. Eu sou a esperança que brota no
coração daqueles que esperam. Sou o telefone que não toca, e as mãos que mesmo
cansada, o segura. Eu sou as cartas jogadas ao fogo e triste certeza que as
chamas não expeliram os sentimentos expressos em cada uma das tantas linhas.
Eu sou a canção do Caetano, cuja letra é
dolorosamente verdadeira. O silêncio. A espera. Eu sou a esperança nos olhos de
um alguém a beira da morte. A porta. O telefone. Eu sou o vazio deixado pelo silêncio
de uma saudade inescrita. Sou o grito mudo. O pedido de socorro. Eu sou o eu te
amo sussurrado entre lábios e gritado olhar adentro. Eu sou...
Há quem o teu silêncio grita?
eu sou esquecimento e as lembranças do passado , lindo texto adorei
ResponderExcluir