Conjugo-te sem regras exatas
E
tu vai entrar por aquela porta com aquela cara de cansaço e dengo, e eu te
direi: “Vem, deita no meu colo que te faço cafuné! Tira os sapatos, troca de
roupa e vem! O meu colo te espera, os meus beijos te aguardam. Vem, que
enquanto o mundo grita eu te mostrarei a beleza de um silêncio a dois”.
E
você virá. Sim, meu bem! Você vai aos poucos deitando seu corpo cansado sob meu
colo e me dirá o quão difícil foi seu dia. Falará daqueles que estão a sua
volta, mas que não fazem parte do seu mundo, e nós ficaremos ali na penumbra de
um dia que se vai, ouvindo o disco do Chico Buarque e nossas respirações.
Eu
te sentirei na música que toca, no crepúsculo que invade a janela e rouba nossa
escuridão. Cada parte daquele cenário será você. O silêncio, os discos jogados
no tapete, a calmaria dos nossos corpos inertes sobre no sofá. O amor em forma
de prosa.
“É,
meu bem! Lá fora há mundo hostil, mas de nada importa o mundo, os outros, as
vírgulas. Quero pontilhar meu mundo de você, sem interrupções, sem pausas. Firme.
Direta. Uma existência com seu nome.” E então ouvirei sua risada, porque sabe o
quão lindo seu riso é pra mim, e no final dirá que tenho a mania de fazer
poesia, de criar prosa, de enfeitar momentos. Dirá que sou poetisa de monólogos
e que deveria deixar o comodismo de lado e escrever um livro. Sabes me agradar
tão bem! Tem as palavras certas para os momentos exatos, direi. E no intervalo
do teu riso nossos lábios tocarão. Sentiremos com calma o doce gosto da poesia
mais bela, escrita em prosa e sentida a dois.
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