Desabafando meus gritos a uma solidão surda.

Nesses últimos dias que antecederam a minha escrita, me peguei por diversas vezes pensando na palavra companheirismo e em seu significado. Talvez, os meus pensamentos sempre tão repetitivos se devam ao fato de que eu quase nunca estou sozinha –ao menos não fisicamente-, e que essa minha convivência sempre tão cheia de pessoas com pensamentos e atitudes diferenciados dos meus, tenham levado-me a enxergar a palavra companheirismo não como um amontoado de letras preenchendo um lugar específico no dicionário, mas como algo tão único que aquele que tem, ou que sabe usufruí-lo pode sentir que carrega em suas mãos uma dádiva concedida a poucos.
Há algum tempo ouvi um homem pronunciar a seguinte frase: Você é muito mais do que um simples irmão! É um amigo para todas as horas. Um companheiro.
Fiquei por alguns instantes imóvel, observando aqueles dois homens que abraçados pareciam partilhar o mesmo momento de alegria, em uma eterna camaradagem. Não pude frear meus pensamentos diante da cena, afinal de contas, aquela era a primeira vez que eu via uma demonstração tão verdadeira de carinho mutuo. De irmandade sincera.
O que faz com que um ser humano sinta a necessidade de doar e receber o companheirismo? Será que apenas aqueles que sentem e sabem o que significa uma amizade sincera poderão conhecer tão profundamente real significado desta palavra? Doar-se sem pedir nada em troca. Saber como e quando ajudar. Estender a mão ao próximo e ser solidário são pontos fundamentais para alimentação do espírito, porém quase ninguém faz. Observo com certa tristeza as pessoas a minha volta. Todas sempre tão preocupadas com suas vidas, seus problemas e quase nunca soluções, que nunca conseguem, ou nunca têm tempo para observar as necessidades do outro, suas lágrimas, tristezas o opressões. E tudo isso por que ninguém de fato se preocupa com os sentimentos do próximo.
Ninguém, de fato, está pronto para ajudar. E o mundo continua assim, o mundo não. As pessoas fazem com que o individualismo cresça. Crianças aprendem desde cedo que suas vontades e necessidades são postas em primeiro lugar, ou seja, que jamais haverá uma ajuda compartilhada. Mutua. E assim o tempo passa. As pessoas continuam iguais. O universo da mesma forma. E o mundo sua constante delimitação.
E então eu me pergunto: Será mesmo que eu necessito me adaptar a essa forma de viver? Ainda não há resposta para essa e tantas outras perguntas que voam em meus pensamentos, impedindo-me de aceitar o conformismo. O que sei apenas é que tenho a escrita. Essa é a minha única convicção. E enquanto ela existir, enquanto eu conseguir me esvaziar, tudo ficara bem. Aparentemente bem.

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