Todo carnaval têm seu fim
O silêncio agora é fúnebre. Não se houve
as risadas, os sons estridentes, os passos um tanto apressados. Silenciosas, as
ruas que dias atrás serviram de palco para as mais diversas formas de
felicidade, agora estão vazias.
Não há glitter, purpurina, cores fortes,
roupas extravagantes. O silêncio é total, palpável, inconveniente até mesmo
para mim, que aqui escrevo. Cai uma fina chuva, e questiono-me se ela não veio
para lembrar-nos de que o tempo, inclusive ele, deixa suas marcas, muitas
delas, irremediáveis.
Quatro dias. Inconsequentemente falando,
foram quatro longos e bem aproveitados dias. Não havia tristeza porque no
fundo, bem no fundo, o que todos queriam
era abraçar com fervor a felicidade, exibindo-a, postando-a, mascarando para o
mundo –como se devêssemos alguma explicação a esse tal universo- que somos de
fato, felizes.
Quatro longos e ao mesmo instante,
quatro corriqueiros dias, onde a maior de todas as importâncias estava
justamente no não se importar com o amanhã e o que ele, trazia em suas calejadas
mãos. Sim, o instante do agora fazia de nós inconsequentes. Deixemos para
pensar na crise, amanhã. Deixemos para pensar na nossa falta de amor para com o
próximo, amanhã. Deixemos os medos, as
inseguranças, os sentimentos de inferioridade, jogados na porta do amanhã. Sem
permitir que nestes quatro dias de uma coragem insana, a realidade falasse mais
alto com sua voz estridente para lembrar-nos de que não somos felizes e que
tudo, absolutamente tudo, não passará de doses grandes e longas de vodka e burrice.
Amanhã nos lembraremos das
infelicidades, das portas que por algum motivo, foram trancadas. Amanhã, sim,
amanhã o outro importa, o amor é válido, e mil beijos trocados, serão
inexplicavelmente, esquecidos. Somente amanhã. Mas o amanhã, meu caro, este chegou
com capa de chuva e todos os seus temores entre os dedos. Chegou sorrindo
ironicamente para lembrar-nos de que os quatros dias, eles também passam, na
verdade, eles são efêmeros, tal como o hoje, tal como as promessas, tal como a
vida.
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