E agora, Clarissa?



E agora, Clarissa?
Para onde ir?
Que caminho seguir?
Que passos tomar?

E agora?
O que fazer quando não se há porta?
Quando não se há chave?
Quando não se há luz?

Diz-me, Clarissa onde estão aqueles que afirmavam ficar?
Será que estão em casa?
Que estão em um bar?
Será que te esqueceram para trás? Largada? Deixada? Sentida?
Diz-me, Clarissa, onde estão?
Você não sabe?
Você não os viu?
Você não percebeu o óbvio?
Você é desencaixe, Clarissa! E haverá sempre alguém, em algum lugar, sem aviso prévio, sem sequer pensar, sem ao menos refletir, a ir embora de sua vida.

Você quer gritar, mas o mundo tapou-lhe a boca.
Você quer chorar, mas o mundo fez-te acreditar que chorar é errado.
Você quer esbravejar, mas o mundo te criou para aceitar as dores sem grandes indagações.
Você quer falar, mas o mundo tapou-lhe a boca e te fez engolir garganta a dentro, tudo que você, Clarissa, senti.
Mas você escreve mesmo que ninguém jamais se ponha a ler.
Você escreve e indaga o mundo através de suas linhas.
Você escreve por não compreender essa gente propicia a partir.
Escreve pela solidão,
Escreve por não se encaixar,
Escreve para criar um universo unicamente seu.
Escreve Clarissa, mas desculpe-me dizer, isso não a torna mais digna.

Então vai, caminha como quem sabe aonde ir,
Ergue a cabeça,
Deixa que o vento dance com seus cabelos.
Vai.
Como quem sabe
Como quem é forte
Como quem não sangra
Não chora.
Vai Clarissa, como alguém que não é você.

Comentários

Postagens mais visitadas