Sobre eternidades e partidas...



Eu o reconheceria em qualquer lugar, hoje sei. O burburinho, as risadas e a quantidade inimaginável de pessoas tornaram-se cinza quando, de uma maneira única e fora de qualquer explicação lógica, ele surgiu. Não o vi em imediato, não. Mas algo dentro de mim, uma espécie boa de certeza, sabia que em meio a tantos, ele estava lá para acalmar e fazer meu coração criar asas e desabrochar, como uma espécie de flor nascida com um único e eterno propósito.
Repito que não o vi, embora algo dentro de mim soubesse exatamente onde procurá-lo. Entre tantos e tantas vozes, meus pés acostumados a ir de encontro caminharam lentamente, guiado apenas pelos sussurros do meu coração. E eis que entre aquela multidão, eu o encontrei e pude sentir meu coração pulsar fortemente entre minha pele. Ele estava diante de mim, à vista dos meus olhos, mas longe o suficiente para tocá-lo. Encantada, eu o observava como se aquela fosse a primeira vez, como se todas as vezes em que ele esteve diante de mim, fosse sempre e para sempre a primeira vez.
Aproximei-me sem ao menos saber como consegui ultrapassar tantas pessoas que entre nós, estavam. Meus pés embora rápidos iam lentamente, receosos de que ele partisse. Mas ele não partiu. Ele não se foi. E quando já perto o suficiente estava, percebi que não importava quanto tempo passasse, eu o amaria eternamente.
Pois, embora o tempo transcorra rapidamente, os dias virem meses, anos e décadas, tornando amareladas as folhas dos meus poemas, e mesmo que meus escritos, hoje tão vivos, transformem-se em linhas borradas de um tempo esquecido, ainda lembrarei com exatidão de todas as formas, curvas e linhas do sorriso que foi o grande motivo dos meus dias tornarem-se primaveris.

Ele estava lá, mas eu já havia partido. O dia me trouxe de volta e percebi, com tristeza e uma pontada de saudade que tudo não passara de um sonho. Um triste sonho.

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