Epifánias
Escrevo
na segunda por puro tédio, mas poderia escrever na terça por cansaço, ou na
quarta por alívio. Escrevo no quarto, no silêncio e no barulho de uma cidade
caótica e conturbada. Escrevo, mas quero café! Forte, doce e quente. Uma grande
xícara de café e acompanhada de alguém, uma pessoa, com ouvidos que compreendam
ao invés de ouvir. Quero não ter que escrever pra esvaziar. Porque sim, eu
escrevo para transbordar meu mar interno. Escrevo pra libertar a alma, os
sentimentos, e sim, escrevo porque sou solitária e como diria Clarice: escrever
nos torna solitários.
Estanho,
não?! Escrevo achando que assim vou diminuir um pouco dessa solidão interna que
aprisiona tudo que há de complexo e verdadeiro, mas ao escrever também estou
só. Sozinha com um papel (ou teclado), com minha caneta e com as palavras.
Escrevo e no fim vejo que escrevi pro nada. Interlocutor de vazios não ler entrelinhas.
E o que digo não está aqui nessas palavras visíveis aos olhos alheios. Escrevo
o que não digo. E que me taxem de louca!
Quero
café! Quero café e quero escrever! Café, palavras e silêncio. Quero um dia, uma
semana, um mês, uma vida de escrita, silêncio e poesia. E vou escrevendo ainda
que não possa ter o silêncio sonhado, a vida poética prometida ou o café sempre
quente. Continuo, calma, passiva e sempre a espera de que um dia a escrita
(essa que tanto falo) me liberte do peso de ser.
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