A moça sobriamente embriagada
Mas
ela não tinha nada. Digo nada de especial que a fizesse ser diferente das
demais moças que, solitária navegam passivas na suave brisa das madrugadas.
Não! Olho-a e não consigo compreender essa singular criatura vestida de negro,
pele alva e cabelos bagunçados. Todavia, estou a imemoriáveis minutos imersos
na moça que como disse nada tem de especial.
Ela
não me viu. Chegou como quem nada quer neste bar de boêmios e solitários homens
de coração partido. Sentou. Pediu um Martini e desde então permanece na mais
reclusa solidão. A moça que nada tem não quer nada além de sentir o doce gosto álcool.
Mas
eu, por algum motivo ainda desconhecido permaneço a fitá-la. A moça solitária
não ver ninguém, entretanto, todos a observam. Bonita? Não! Mas a algo nela que
desperta abismo. Ela é um pulo no escuro de uma madrugada feita para bêbados e
corações frustrados. A moça –aquela que nada quer- mexe comigo porque o seu
silêncio me ofende. Deveria gritar, esbravejar, e sim, chorar porque seus olhos
transmitem dor e solidão, mas não, permanece no mais íntimo silêncio porque
aceitou a sentença que a vida lhe deu. Aceitou que o mundo vai agredi-la, por
pura incompreensão. Por isso bebe.
Bebe, moça! Afoga tuas mágoas nesse Martini com gosto de lágrimas, decepções e amores rasos. Embriaga-te. Perde tua lucidez. Vira o que quiser, pois ao beber o mundo é seu. Tu poder tudo, moça! Tu tens a loucura dos bêbados. Tu és noite, álcool e silêncio.
Bebe, moça! Afoga tuas mágoas nesse Martini com gosto de lágrimas, decepções e amores rasos. Embriaga-te. Perde tua lucidez. Vira o que quiser, pois ao beber o mundo é seu. Tu poder tudo, moça! Tu tens a loucura dos bêbados. Tu és noite, álcool e silêncio.
Mas
ela nada quer. Nada pede. Ela não fala, não chora, não ama. A moça levantou-se
embriagando os bêbados com seu cheiro adocicado de flores e Martini. E foi-se.
Fugiu para o mundo que amanhecia e que nada tinha a lhe oferecer.
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