Como uma noite de inverno



Alguns diziam se tratar de frieza, outros tinham certeza de ser apenas uma indiferença mesquinha, várias pessoas, porém, não acreditam que houvesse um coração pulsante dentro daquele peito apático. Entretanto, 
mal sabiam da existência de um coração que se importava com tudo, que sentia todos os sentimentos do mundo, e que chorava baixinho para que outros corações não pudessem ouvir seus alaridos culposos, suas incontáveis lágrimas.
Ao julgarem a imagem refletida aos olhos alheia todos acreditavam na sua aparência e modo de viver. Acreditavam que ela nunca se importava com nada, que não sentia, não amava, e acima de tudo, que não existiam sentimentos nobres dentro do que parecia ser uma mistura acida de indiferença e ironia. O fato é que aprendera a fingir muito bem. Conseguia driblar suas emoções e ficar no pódio dos seus sentimentos. Escondia-os, mas sentia que eles permaneciam vivos dentro de si, crescendo, tomando força e proporções assustadoras.
Nutria diariamente sua aparente indiferença para com o mundo, pois aprendera que aquela seria a melhor forma de se proteger contra as possíveis agressões ao seu coração. Seus olhos eram cansados, mas sua alma sim estava exausta. Já não suporta mais viver em um mundo onde as pessoas a rotulavam, apontando-lhe o dedo e dizendo o que deveria fazer, quem deveria ser, como se soubessem dos monstros que ela enfrentava diariamente e que estavam adormecidos dentro do seu intimo. Aquelas pessoas não sabiam se quer os motivos que ela possuía para ser e está da forma como se encontrava naquele momento. Eles não conheciam seu passado e não haviam presenciado todo o mal que alguns seres humanos de coração cruel haviam feito com ela e com o seu ainda intocado coração.
O mundo era cruel e ela sabia disso, assim como tinha certeza de que as pessoas eram cruéis e de índole duvidosa. Por isso não acreditava em mais nada, ouvia palavras belas e proferidas em sua direção, mas não nutria a veracidade onde ela sabia que não existia. Tinha seus objetivos e não pretendia abandonados. Contava apenas consigo própria, e se me perguntassem se ela era fria, eu diria que sim. Ela é gélida como uma noite de inverno. E é por esse e outros motivos que eu a admiro e a respeito acima de tudo. 

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