Carta ao meu eu de anos atrás


Você, que muito ouve sobre os outros me permita falar um pouco sobre você. Sem pressa alguma te peço que se acomode, que se desejar sente um pouco e ouça, leia e se muito for, abrace às palavras com o mesmo amor que agora te escrevo.

Decididamente os dias tornaram-se menos coloridos entre o despertar e o adormecer. Posso te dizer que sei exatamente o que você pensa e o quanto você luta, embora acredite fielmente não possuir força alguma. A verdade por entre tudo que é sentido, é que sim, você possui de um jeito singular, uma força capaz de hoje te fazer entender que algumas coisas deveriam ser sentidas e passadas, doídas e até mesmo sangradas, quase como se não houvessem razões pertinentes para continuar, e no entanto, veja só, cá está você - eu -, escrevendo e dessa vez de coração tranquilo e sereno, para te afirmar que não há nada mais seguro que te afirmar que os momentos, embora escuros, também se iluminam.

Portanto, te peço um pouco mais de paciência e claro, se houvesse uma forma bonita de te fazer ver eu te mostraria o quão insignificante é segurar pessoas e situações em sua vida pelo simples medo de uma vida sem elas. Acredite, desprender-se te pouparia tantas e tantas lágrimas roladas ao travesseiro, como jamais você imaginaria ser possível não chorar. 

No entanto, já que não posso te mostrar que você sobreviverá (e convenhamos mais fortalecida e dona absoluta de suas vontades), te peço calma, te dedico um pouco mais de resiliência e te espero por enquanto aqui neste presente cheio de novidades e descobertas, para abraçar seu corpo que virá cansado e te dizer que nossas lutas permanecem, desta vez um pouco mais maduras e um menos frágil. Mais donas de nós mesmas e menos cheias de certezas. Como se deve ser. 

Me despeço aqui com o coração cheia de orgulho por todas às inúmeras quedas que você sofreu. Amando-a mais e perdoando, sobretudo, abraçando e acalentando este ser que com amor, eu admiro. 

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