Trago reticências


- Aceite que você não consegue escrever sobre todas as suas inquietações, sobre os monstros que, criança você temia estar debaixo de sua cama. Aceite que as palavras não podem salvar sua alma de se doer pelas incompreensões do mundo e pelas interrogações que você, rigidamente traz para junto de si. Aceite que perder faz parte de suas apostas, e que mesmo pequenas, você ouvirá muitas vezes um não. Chorar faz parte de todo esse processo louco que é sentir, aceite que lágrimas serão derramadas em abundância, muitas vezes cedo, muitas vezes desnecessário. Você não vai ser salva só porque se propõe a redigir meia duzia de palavras, aceite que escrever não te faz melhor, não te faz único nem tampouco merecedor de qualquer coisa que beire o reconhecimento. Aceite. Aceite também as decepções, os amigos que não vingaram e os amores que não duraram mais que suas ressacas de sábado a noite. Aceite que nem tudo está e será eterno. Aceite que dói, que machuca, mas aceite também o sorriso fácil e os dias de sol, aceite. Aceite que, como disse, escrever não te salva nem te coloca em um pódio de reconhecimento, mas liberta de uma existência fadada as turvas águas de um mundo que te faz sangrar só porque você veio programa a sentir em abundância. Portanto, aceite. 

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