Ao poeta



"Está é, sem sombra alguma de dúvida, uma estranha gráfia", dirão aqueles que por infelicidade não chegaram a conhecê-lo ao ponto de intimamente dizer que ele, homem pálido, cabelos finos e rosto contraido, era na verdade, um escritor. 
Não falo daqueles escritores famosos que vez ou outra aparece em alguma rede social, visibilizando seus textos, curtos, pobres e um tanto clichês sobre amor e outras pieguices, o que deixo claro é que o modismo ou no caso o conformismo nunca foi para ele uma amiga de longas noites de vinho, na verdade, o que ele amava mesmo era a solidão de uma garrafa seca e de um papel meio manchado de vermelho, meio borrado de lágrimas. Letra ilegivel. Poemas que ele, a todo e qualquer custo, negava-se a declamar.
Era, portanto escritor, mesmo que o oficio nunca tenha dado a este pobre homem qualquer dignidade. Não escrevia por dinheiro, por status ou fragmentos daquilo que podemos ironicamente chamar de fama. Sim, era um escritor, mas porquê sua alma assim clamava. As linhas eram gritos que ele, calado, desabafava ao mundo que não o lia. Solitário. Esquecido no meio dos livros e da infame promessa de torna-se eterno entre folhas que um dia tornariam-se amareladas pelo tempo. Pobre homem, deixou-se inevoar pela melancolia e aos poucos, nas folhas tragadas com sua identidade, ele já não era o dono de sua história, mas parte de uma folha em branco. Intocável pela eternidade

Comentários

Postagens mais visitadas