Re(nascer)


O vento que sobrava sob nossos corpos era frio. Mãos unidas, dedos entrelaçados, peles brancas, andávamos. O destino era questão de sentir, não de orientar-se. A vida nos levava em um caminhar de passos calmos, rasos, prontos a parar.
Eu quero te dizer que você é o maior dos enigmas, e que para mim você é indesvendável.
O céu ainda estava escuro e com poucas estrelas, logo amanheceria.
Nós podemos ser só somente um. Um nós, mas eu nunca senti que fazia parte de você. Era como se você fosse um outro que não coubesse em mim, um alguém longe de me completar.
A praia. Como era fantastico e mágico ver a luz inundando aos pouco o céu. Nenhum ser humano, nenhuma voz, somente nós e o mar. Três seres infinitos.
Mas eu te amo. E por isso me perdi.
Ele. Ainda segurava minha mão, enquanto no mais puro dos silêncios deixavamos inebriar os pensamentos junto com aquela manhã que nascia. Longe de todos os acasos, de todos os “se” naquele instante eu sentia que perto dele eu era. Soltei sua mão. Meus dedos doiam, machucados, porém eu fui.
E te deixo. Deixo porque nenhum outro é mais intenso do que o eu, e percebi, que o meu interior era profundo como o mar, como o céu, como o Deus que naquele momento nos observava. Eu não podia aceitar menos que o infinito.

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