Irmãs de alma

Era uma quente e solitária tarde de verão, as portas do meu mundo estavam fechadas, cobrindo todo o lugar com a pouca escuridão que o destino me permite. Lembro-me de estar sozinha, imóvel diante de uma parede cuja cor não me recordo. Meus pensamentos voavam como pássaros a procura da liberdade, eu devaneava em lembranças remotas de um passado longíguo, porém insistente.
Ao meu redor tudo era silêncio, não havia ninguém ali para ouvir-me sussurrar as mais profundas confidencias de minh’alma. Eu estava reclusa em meu próprio mundo.
Tudo era um simples e apático borrão cinza, nada do que eu via era suficiente para desfazer-me do laço em que as lembranças me prendiam. E se eu continuasse para sempre desta forma? O que aconteceria com meu futuro se tudo o que sou neste momento é fragmentos desconexos do meu passado? Tenho medo. Um apavorante medo de que a vida continue levando-me por caminhos onde há dor e lágrimas.

Sento-me novamente, minha respiração é arrastada por um visível cansaço. Meu corpo dói, porém não há machucados externos. Pouso minha cabeça, fechando meus olhos e tentando impor um limite entre o real e o imaginário, entre minhas vontades, meus desejos e anseios, e o que de fato há: o nada, o oco buraco das minhas lamentações. Sinto novamente os devaneios tentarem dominar o pouco que resta da minha sã consciência, e é então que me vem uma imagem sólida que me observa com um doce sorriso nos lábios. É ela, sim, ela. A minha eterna confidente, a única que conhece meu interior, que sabe dos meus infortúnios e alegrias. A minha irmã de alma. E naquele momento mesmo distante eu sei que ela estará ao meu lado cuidando, protegendo e amparando todo o meu ser, pois ela é acima de qualquer obstáculo a irmã que minha alma reconheceu por entre tantas vidas que estivemos juntas, cuidando para que o mundo não destruísse nossos sonhos.

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