Madrugadas insones


Dizia para si mesma que dessa vez não iria pensar em nada, apenas dormir. Descansar as poucas horas que lhe eram permitidas enquanto o céu não se cobrisse com o alvorecer. Mas a vida não era bem assim, às vezes o acaso mudava nossos planos fazendo-nos recomeçar do zero, e ela sabia com certa convicção que seus planos seriam descumpridos com o anoitecer. Não pensar, deixar que as lembranças simplesmente voassem com o vento, que fossem embora para um lugar distante, que jamais voltassem.
Fechar os olhos e deixar que o sono viesse calmamente, sem pedir-lhe licença ou explicasse por que estava ali sentado ao seu leito, levando-a para um mundo novo, inabitado, um mundo em que ela poderia ser tudo o que sempre sonhara. Voltar ao passado e reviver momentos tão especiais ao ponto de se tornarem eternos. Poderia ser uma princesa, uma pequena dama, ou até mesmo um dos seres fantásticos de sua imaginação. Os sonhos podiam proporciona-lhe tudo aquilo que desejara, porém ela não sabia como, por que motivo e razão não conseguia mais sonhar.
 Acordada, olhos despertos na escuridão noturna, ouvindo a respiração calma e singela daqueles que dormiam a sua volta. Não sabia ao certo que horas o relógio marcava, porém tinha a certeza de que a noite ia alta. A lua brilhava leve, e ouvia-se o vento batendo nas arvores. A sua volta tudo eram solidão e silêncio. Os pensamentos fervilhavam em sua mente, havia momentos em que tudo era primaveril e então ela sorria com tranqüilidade, porém, havia instantes em que tudo a sua volta era sombra e ela derramava lágrimas. Calma, no silêncio noturno ela chorava buscando compreender o que muitos já não se importavam em questionar.

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