Quanto de você está no outro?


Você me olha, mas em definitivo, não me enxerga. Há uma nuvem de achismos que pairam sobre mim enquanto você com um olhar turvo, me analisa sem ao menos me observar com atenção e um pouco mais de paciência.

Sei que já devo em algum momento ter afirmado ser complicada para uma definição real de mim, mas o fato, olhando bem é que não sou. Na verdade sou simples, até. Fácil de descrever. Fácil de enxergar, embora na maior parte do tempo use do silêncio como característica peculiar minha e acabe assim criando um espaço oco para receber definições que não me definem em absoluto.

Meu silêncio já foi usado como justificativa para uma possível arrogância. Minha estranheza já foi tida como loucura. E numa cidade cujo único propósito é falar, abraçaram uma versão minha sem ao menos questionar se ela de fato me pertencia. Assim acabei me tornando alguém que eu não era e que convenhamos eu jamais amaria ou me orgulharia.

A verdade é que já fui tantas e entre muitas, poucas -pouquissimas- pessoas realmente me conhecem. Antes, em tempo de me desconhecer isso machucava em lugares perenes. Hoje, confesso a você que me ler, que não mais. Aprendi, veja bem que irônico, a sorrir para às mulheres que eu sou, de acordo com o outro, enquanto por aqui eu cuido e amparo a mulher que estou me tornando, aprendendo, sobretudo a quem vale a pena mostrá-la e a quem merece somente às definições ouvidas por ai.

Comentários

Postagens mais visitadas