3h50mim

Penso em fazer um café.
Penso em te ligar.
Penso nas inúmeras vezes em que, te escrevi e por orgulho, apaguei.
Penso no quão patético minhas palavras eram e até sorrio.
Penso que fiz bem.
Penso que você sorria de um jeito entranho e engraçado e eu, bom, eu gostava.
Penso que eu sempre quis escrever um livro e sempre me achei inútil para tal.
Penso em fazer um café.
Penso em fazer um café e neste momento lembro que não há pó, portanto, não há café.
Sinto-me triste. Triste e meio abandonado neste silêncio fúnebre. Penso que seria bom escrever. Mas o quê? Penso que escrever é a mais pura e dolorosa libertação.
Penso que nunca conseguirei desvencilar-me do meu sentimentalismo e que sempre acabarei chorando entre uma cena ou outra, desta vida de ator.
Penso, portanto na vida e olhando para a vidro vazio do pó de café, choro.
Penso que estou sozinho no mundo e que portanto morrerei sem sequer conhecer isto que chamam de amor.
Penso, mas não quero e não vou ligar.
Penso, sim, penso, mas desisto.
Volto para a cama. Enrolo-me nas cobertas agora frias pelo meu noturno abandono.  E penso, só por um mero segundo, penso: sou eu um homem ou uma mera fantasia de um carnaval sem fim?

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