"Todo carnaval tem seu fim"

Eu não queria estar aqui. Não hoje, não neste fim de tarde, neste domingo, neste dia de carnaval. Queria poder ser o inalcançável, estar longe de mim, dos problemas, suficientemente distante das incertezas que no fundo sempre voltam para me aprisionar.

Eu desejaria não ter que escrever isso na esperança de que cada uma destas palavras tivesse o dom da libertação. Queria não precisar do café, do meu quarto e da minha solidão para sentir que realmente faço parte de algo maior e quiçá, mais pleno. Mas eu, que na vida vivi uma existência fadada às sombras, sinto na pele a áspera certeza de que nesta vida serei para sempre parte substituível da platéia, e que tampouco importa os ternos abraços, as grandes palavras, a boa moça que sou, tudo é efêmero, tudo é cinza, nada.

Quem me dera eu, a incógnita, pudesse uma vez na vida me sentir plural.

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