Para sempre...


Querida, menina...
Hoje o céu está calmo, com poucas nuvens e naquele tom azul que tanto apreciamos. Aqui fora a brisa é leve, calma, quase que tímida, e trás o doce aroma dos jasmineiros que plantamos no inverno passado. Você lembra do meu cuidado e de como prometemos proteger nossas flores? Hoje elas brotaram e sua brancura me faz lembrar algo que existe em seus olhos. Não, querida, não falo de luz, mas de um encantamento tão único e singelo que dentre tantos e tantos anos jamais pude encontrar em outros olhos que não os teus.
E que olhos, Deus meu! Recordo que sempre os amei. Acho que muito antes de conhecê-la quando éramos apenas uma possibilidade remota, um sonho de juventude. Eu olhei aqueles olhos e vi um mundo ali dentro me esperando para a eternidade. Vi mais do que mostrava. Vi seus medos e tive vontade de afastá-los para longe. E senti então que era mais do que os outros olhos mostravam, você era um ser completo de qualidades e sonhos, era amor e cuidado, era complexidade e fascínio. E naquela tarde, ás três horas de um verão de Julho eu senti naquele “Olá” tímido que desejava mais do que tudo neste mundo fazer parte da sua eternidade.
Você sorria, jogava seu negro cabelo ao vento e me roubava beijos enquanto caminhávamos. Eu ficava sem jeito e isso te arrancava risos. Você lembra? Eu sim. Ah, querida, como éramos felizes! Nunca me esquecerei do meu aniversário de 22, e acho que nem tampouco você. Eu não te disse, mas nunca me senti tão amada como naquele momento que você me presenteou com aquele bolo. Quis tanto chorar e abraçá-la apertado, tinha tanto a lhe dizer, mas sei que meus olhos te falaram tudo. Sempre fomos mais que corpo. E hoje sei que somos fragmentos da mesma alma.
Você me completou, querida, da maneira mais certa que um ser humano consegue preencher a vida de outro. Aprendi com você que não há necessidade de máscaras, e que ser é a melhor sensação do mundo. Por isso eu fui. Fui amor e turbulência. E nos momentos caóticos fui saudade. Fui aquela inconsequência sem medo do olhar torto daqueles que não compreendiam, e fui sobretudo, amor. Segurei sua mão, enlacei seus dedos aos meus e caminhamos sob as adversidades, rumo ao nosso futuro.
E hoje aqui estamos. Você dorme. Seu cabelo não é mais negro nem tampouco o meu. O tempo passou para nós duas. Envelhecemos. Mas o amor, ah, este continua aqui, tão forte como nos primeiros anos. Olho para você e consigo enxergar o motivo que me fez amá-la por tanto tempo. Tudo está certo. Tudo está em seu lugar. Amamos-nos e isso é o suficiente para vivermos, porque tenho ao acordar, o motivo pelo qual respiro dormindo do outro lado da cama.


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