Imutáveis
É lua cheia.
Posso ouvir ao longe o cântico morno do silêncio a mim
disperso. É lua cheia, afirmo enquanto contemplo o ensurdecedor lamento do meu
escrever. E Entre linhas tortas e letras
borradas, banhadas ao doce pratear da lua, que busco esvaziar-me de um vazio
cheio de negros buracos em que o mundo e toda a sua maldade cravou o meu ser.
O que fazer, pois é lua cheia. Uma lua que entra pelas
vielas do meu quarto e vem de encontro aos meus dedos que nada escrevem. Tortos
e inúteis dedos de uma aspirante. A lua brilha, longigua, porém eu em meu
solitário silêncio fúnebre posso ouvi-la cantar seus lamentos e todos os imemoriáveis
desejos de sua alma.
Pois é lua cheia. Uma triste e solitária lua. Mas quanto a
mim, o que sou? Apenas uma cinzenta aspirante aos mistérios de sua
incompreensão? Ou talvez apenas um ser de aspecto triste, um tanto sombrio, que
esconde em suas entrelinhas o enigma de sua própria existência. Oh, somos tudo
e nada. Eu e a lua cheia, sozinhas a vislumbrar a negritude da noite, vendo
nossas almas a vagar em busca do inexistente, dos bons e propícios sentimentos,
de redenção.
"Oh, somos tudo e nada." Destaco essa frase. Somoa de tudo... alegrias, tristezas, decepções, mitita, verdade... e nada!
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